segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Óscares: o fim do glamour?


Faltam 20 dias para mais uma cerimónia dos Óscares. A grande pergunta que se colca nesta altura não é quem será o grande vencedor, mas sim se, de fecto, vai ou não haver cerimónia.
A greve dos argumentistas dura há três meses e não parece ter fim à vista. Depois da entrega dos Globos de Ouro ter dado lugar a uma mera conferência de imprensa, prevê-se que no próximo dia 24 (por cá já será 25) a circunstância se repita. Tenho mesmo pena que isso aconteça. Acho que os argumentistas têm razão: apesar de serem sempre considerados o elo mais fraco da cadeia, na verdade sem eles não há histórias de amor, comédias românticas, thrillers, aventuras e, claro, grandes cenas memoráveis! Sem guião, os actores não teriam nada para fazer e, alguns, sabe Deus, entrariam em pânico em caso de improviso! Penso, por isso, que está na altura de terem direito a uma margem do lucro que se obtém no universo das séries de televisão e dos filmes.
Li hoje que o Sindicato dos Argumentistas autorizou o "furo" à greve na cerimónia dos Grammys...argumentam que o fazem por solidariedade para com os artistas...duvido. tenho um palpite que alguém "furou" porque lucrou com isso. Abrindo uma excepção, perdem a razão. Mas eles é que sabem!
Ainda que passe madrugadas inteiras a acompanhar os Óscares desde 1991, na verdade não me custa nada ficar acordada de lápis e papel na mão, depois de ter comido um pacote de bolacha Maria. É certo que trabalho sempre no dia seguinte, mas vale a pena.
Se não houver cerimónia este ano, vou ficar muito desgostosa: não vou ter a oportunidade de ver e ouvir o discurso do Johny Depp quando receber o merecido Óscar de Melhor Actor pela sua fantástica interpretação em "Sweeney Todd". Depp provou, ao longo dos anos, que não é só uma cara bonita. Aliás, ele faz tudo para parecer uma coisa que não é: feio. Ele anda sempre mal vestido, com um ar de quem não toma banho há uns 15 dias, com a barba por desfazer e óculos de tótó. Contudo, a sua humildade e a sua timidez transformam-se no cinema. A sua criação original do Capitão Jack Sparrow já lhe devia ter dado um Óscar. Inventar um pirata cobarde cheio de tiques gays não é fácil e Johny Depp conseguiu-o.
Seguiu-se outra nomeação com o filme "Terra do Nunca", onde interpreta John Barry, o autor do livro "Peter Pan". Mais uma vez, foi brilhante mas não arrebatador.
Situação bem diferente é este barbeiro assassino. "Sweeney Todd" foi um presente de Tim Burton. Além da interpretação, Johny Depp canta num musical pela primeira vez. Curiosamente, o filme não está nomeado para melhor canção original. Indecente!
Johny Depp é, para Tim Burton, o Robert de Niro de Martin Scorcese. Juntos fizeram "Eduardo Mãos de Tesoura", "Ed Wood" "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça", "A Noiva Cadáver", "Charlie e a Fábrica de Chocolate" e agora "Swenney Todd".
Este último filme é um musical cheio de sangue. Todavia, a cena em que o barbeiro "treina" o corte de gargantas é fabulosa. Chega a ser poético ver o sangue jorrar enquanto Sweney Todd canta à janela e o jovem Anthnoy deambula pelas ruas à procura de Joahna! Os mortos são depois transformados em empadas de carne pela padeira Helena Bonham Carter, em outra excelente intepretação.
Para quem gosta de humor negro, aconselho vivamente este filme. Imperdível seria ver Tim Burton levar para casa o Óscar! Espero também que a TVI arranje comentadores que saibam que Charlie Chaplin já morreu...

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