terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Olha quem dança!


Jonas e Rosa Maria levaram o nome de Matosinhos mais longe... a dançar! Os grandes vencedores do concurso “Olha quem dança!”, da RTP, regressaram à normalidade, a Leça da Palmeira, depois de quatro meses a ensaiar coreografias, a viajar de um lado para o outro e a preparar galas televisivas.
Na final, Jonas e Rosa Maria obtiverem o maior número de votos (56%) e bateram o par adversário, constituído pela Vanda e Francelino.
Ao “Matosinhos Hoje”, mãe e filho falaram da experiência e do futuro. Sim, porque além de uma viagem a Praga, capital da República Checa, Jonas, de 25 anos, foi contemplado com uma bolsa de estudos numa das mais prestigiadas escolas de dança do mundo, a “Broadway Dance Center”, em Nova Iorque.
Matosinhos Hoje- De quem foi a ideia de participar no “Olha quem dança!”?
Jonas- A ideia foi do Fernando Pereira, o meu patrão. Nós estávamos no escritório a trabalhar. Ele soube, através de uma pessoa, e incentivou-nos a mim e aos meus colegas. Os meus colegas não quiseram participar, mas eu quis. A partir daí, sempre me apoiou até eu conseguir entrar, depois de eu ter entrado e até chegar onde cheguei, que foi a vitória.
Sabia, à partida que, para parti­ci­par, teria que concorrer com um familiar?
J- Não. Nos primeiros castings, eles só pediam para nós irmos acompanhados, no meu caso, da minha mãe, mas eu nunca percebi porquê. Pensei que eles quisessem saber alguma coisa, falar com a família. Num dos castings, eles revelaram que o par com que eu ia dançar era a minha mãe.
Rosa Maria, como é que reagiu quando se apercebeu que também ia dançar?
Rosa Maria- Eu quando fui com ele, pensei que era tipo ir a uma consulta. Pensei que fosse uma entrevista para saber algo sobre ele, a história dele, mas depois quando me disseram que era para dançar...eu disse: Tenho mais é que dançar!
Manteve-se sempre optimista?
RM- Sempre! Se era para apoiar...
Sabiam que tinham que se dedicar tanto ao programa se quisessem chegar à final? Estamos a falar de quatro meses. Vocês tiveram que alterar as vossas rotinas diárias...
RM- No princípio, não foi assim. Disseram-nos que eram só umas horinhas. Só iríamos na segunda-feira aprender a coreografia, depois ensaiávamos na quinta-feira. Depois começou a apertar o cerco. Tínhamos semanas em que tínhamos que ficar lá a semana toda. Outras eu ia à segunda de manhã, vinha à terça à noite, ia quinta à tarde...Foi assim uma coisa muito engraçada. O que eu lhe disse, desde o princípio, é que ele ia ganhar.
Acreditou sempre?
RM- Sempre! Quando eu entrei, era para ganhar! Ia lá agora ficar a meio do caminho! Não tinha lógica. Posso sair pelo caminho, mas se saísse, saía bem!
A Rosa Maria teve que deixar o seu trabalho no Mercado de Matosinhos. A gora é uma estrela?
RM- Isso sou. Acho que vou ter sempre uma estrelinha lá dentro. Agora, deixei uma casa com mais dois filhos, deixei o meu marido. No princípio, quando aceitei, estava com receio que ele não aceitasse tão bem, porque tinha que ficar com a casa e com os miúdos, com os outros dois. Ainda tenho uma filha com 11 anos. Mas não. Apoiou. Deu força. As minhas colegas foram as primeiras a apoiar-me. Foi óptimo.
Jonas, sabia à partida que estilos de dança teria que aprender?
J- Tínhamos conhecimento dos estilos de dança a cada segunda-feira. O Marco (De Camillis) dava-nos a música e a coreografia. Os estilos mais complicados foram os tangos, os paso doblés, porque exigem muita postura, muita concentração. Para além de eu ter bastante dificuldade, a minha mãe também, nós nunca tínhamos dançado os esses dois estilos. Uma coisa é dançarmos em festas, em aniversários. Depois a sério é um bocadinho mais complicado. Tive a sorte da minha mãe já saber dançar e isso ajudou-me bastante.
RM- Isso é mentira. Eu não sabia dançar. Há coisa de dois anos comecei a fazer aulas de dança, mas era animação. Não dançamos agarrados.
J- Mas já tinha essa facilidade nesse aspecto...
RM- Tinha era ritmo. Foi mais fácil.
O júri salientou várias vezes que vocês tinham “postura de palco”. Isso advém da vossa experiência?
RM- Por natureza, sou muito extrovertida. Gosto muito de me portar mal (risos) e o palco é um sítio óptimo para eu dar largas à imaginação.
J- Eu sempre disse para nós nos divertirmos. Nunca sabíamos se íamos sair ou se íamos ser nomeados.
RM- Ele sempre me pôs à vontade. Ele só dizia: “Mãe, diverte-te”. Isso, se calhar, ajudou.
Durante o programa, pensou sempre no prémio final?
J- Eu não estive sempre a pensar no prémio. Só nas últimas duas galas é que pensei mesmo em conseguir o prémio. Quando entrei para o programa, fui com um objectivo. A meio já tinha sido alcançado, que era ser conhecido em Portugal e através da televisão é muito mais fácil. Tinha posto uma barreira para alcançar, que era ir para os Estados Unidos, mesmo se não ficasse em primeiro. Quando comecei a aperceber-me de que poderia chegar à final e ganhar, então aí, posso dizer que lutei mais um bocadinho, mas não foi com essa intenção. Esforcei-me mais um bocado. Só isso. Toda a nossa estadia lá foi boa. Divertimo-nos sempre até ao último dia. Nunca tivemos problemas com ninguém.
Nem com os outros concorrentes?
J- Não.
RM- Temos amizades que vão ficar para a vida.
J- Desde o primeiro programa, nós, os concorrentes mais jovens, dissemos logo que não queríamos causar mau ambiente, porque não nos ia facilitar em nada e só ia prejudicar o programa. Para nós era bom que o programa tivesse uma boa audiência e que fosse bem visto em Portugal.
Quando é que se aperceberam da vossa popularidade?
RM- Eu sou muito conhecida. Basta estar no sítio onde estou, no Mercado, onde toda a gente me conhece. Graças a Deus temos muitos e bons amigos. Sou conhecida no meu meio. Depois comecei a ver que amigo passava a palavra a amigo. E aí, gerou-se um apoio maior. Amizade e força sentimos sempre.
J- Só nos apercebemos quando fomos nomeados. Precisámos de fazer uma divulgação para irmos à final. Aí apercebemos que gostavam de nós.
RM- Mesmo em Lisboa, havia pessoas que gostavam de nós. Eu sou assim em todo o lado.
O João Baião disse, na final do programa, que a Rosa Maria era a pessoa que deveria ficar na história do “Olha quem dança!”.
RM- Ouvi isso e gostei. Para mim era pessoas normais. Nunca olhei para eles como pessoas superiores. Falei sempre para eles de igual para igual. Havia ali uma camaradagem muito grande. Foi bom. Senti-me muito à vontade.
Foram bem recebidos quando regressaram a Matosinhos?
RM- Eu andei ao colo. Atiraram-me ao ar. Deram-me flores. Não consegui trabalhar no sábado.
Já foi ao mercado?
RM- Eu vim directa do programa. Fui a casa, mudei de roupa e fui trabalhar. Quando entrei no mercado, o Jonas foi comigo, aquilo foi uma barulheira pegada. Elas a gritar...
J- Foi uma loucura.
E na final?
RM- Na sexta-feira, o ambiente estava um bocado pesado. A Vanda magoou-se na quarta-feira. Foi complicado. Depois passou. A noite depois correu melhor.
Já sabem quando é que vão a Praga?
RM- Estamos a tentar ir nas férias da Páscoa. Vamos os cinco.
Jonas, já está preparado mentalmente para ir para Nova Iorque?
J- Mentalmente, estou desde o início. Este é mais um desafio. Fisicamente, acho que tenho que ter mais aulas. Por isso, optei só por ir em Setembro e até lá, melhorar. Aperfeiçoar um bocadinho mais a minha técnica no clássico. Ganhar um bocadinho mais de ritmo.
Já conhece a escola para onde vai? A formação é de quanto tempo?
J- A formação é de três meses. Já tive a investigar um bocadinho sobre a escola. Nunca andei de avião. Praticamente nunca saí do país. As únicas vezes que saí foram para Espanha e para França. Para além disso, nunca viajei.
Já estive a investigar a escola. Existem montes de aulas e de estilos que eles me podem ensinar. Sou eu que tenho que escolher. Para já, ainda não tenho uma opinião definida daquilo que quero mesmo receber lá. Clássico e jazz vão ser uma opção, porque são a base da dança. Depois os estilos complementares, ainda não sei. Vou investigar.
O nível de exigência é muito maior?
J- Sim. O Marco e o Luís Cabouco diziam-me que Nova Iorque não tinha nada a ver com Portugal. Os professores não esperam por ninguém. Eu é que tenho que me preocupar com aquilo que eu quero aprender. Vão dar-me atenção se acharem que eu mereço. Depois, são os melhores bailarinos que lá estão. Estar a ensaiar com os melhores bailarinos…
No final dos três meses de formação, pretendes ficar por lá?
J- Se eu conseguir ficar nos Estados Unidos, era muito bom e é um dos objectivos com que vou estar lá a lutar. Vou estar longe dos meus amigos e dos meus familiares. Isso vai fazer-me lutar ainda mais. É um dos melhores sítios para se dançar. É uma oportunidade única.
RM- Eu vou a Nova Iorque tomar um cafezinho…
Vai ser difícil estar longe do seu filho?
RM- O que eu quero é que ele caminhe pelos pés dele, que faça o que ele quer da vida dele.
Não é aquela “mãe galinha”?
RM- Sou mãe galinha, sim, mas que eles andem sozinhos. A minha vida está marcada. Tenho as minhas coisas. Ele tem que começar a vida dele. Ele e os outros. Gosto de ter os meus filhos à minha beira, mas quem dera que ele fosse, ficasse por lá e orientasse a vida dele da melhor maneira. Lá fora ele tem mais possibilidades do que cá. Estamos num país limitado, que está agora a despertar para a dança. Depois vou lá tomar um café, jantar…Vai ser um corre-corre, mas não faz mal.
E o seu futuro, Rosa Maria?
RM- Eu tenho jeitinho para tudo, graças a Deus!
Nunca pensou experimentar o teatro?
RM- Nunca pensei, mas é uma coisa que eu gostava. Sem experimentar nunca se sabe.

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