quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Vasco, o prodígio


Jovem talento no piano e no violino

Vasco, o prodígio

A lista de participações e prémios em concursos, em Portugal e Espanha, é já extensa, mas, curiosamente, Vasco Rocha nunca tocou em Matosinhos. A oportunidade estará para breve?
Vasco Rocha não é o Cristiano Ronaldo, mas, com apenas 16 anos, tem já mais prémios no seu currículo que o craque do Manchester United e da Selecção Nacional. O último foi conseguido há menos de 15 dias em Espanha.
Não dá “show de bola”, mas dá música.
A paixão pelo piano começou bem cedo. “Toco piano desde os quatro anos. O meu pai andava num coro, na APDL. Ao sábado de manhã, eu não tinha onde ficar e ia com ele. O maestro desse coro reparou que eu tinha jeito para a música e falou com o meu pai”, conta.
As palavras de incentivo deram os seus frutos. Vasco passou a frequentar aulas de piano na “Valentim de Carvalho”, na Avenida da Boavista, no Porto.
A primeira vez que exibiu os seus dotes musicais foi aos cinco anos: “Toquei numa audição, na Valentim de Carvalho, com outros colegas. Já não me lembro o que toquei”.
As primeiras músicas que aprendeu eram muito simples, próprias para crianças, como o “Pão quentinho”. Dos teclados electrónicos passou, no entanto, para os pianos de cauda.
No ano lectivo de 1999/2000, com apenas sete anos, Vasco obtém a classificação de “Bom” nas provas de acesso ao Conservatório de Música do Porto (CMP). Hoje, frequenta o 7.º grau da Classe de Piano.
Além do piano, este jovem toca também violino, por influência da irmã Rita, com 14 anos, outro talento da família na área da música. Rita frequenta a EB 2,3 de Leça da Palmeira e o CMP.
Entre as teclas do piano e as cordas do violino, Vasco Rocha confessa que não sabe sobre qual dos dois recai a sua preferência.
A música é para levar a sério? “Não sei. Eu ainda não sei muito bem o que quero ser, por isso, ainda tenho que conciliar as duas coisas, a escola e a música. Como ainda não decidi o que quero, não posso escolher só uma e trabalhar só com uma”, revela.
Entre os compositores de música clássica que mais aprecia, encontram-se Chopin e Tchaikovsky.

A escola
Depois do Colégio João de Deus e da EB 2,3 de Leça da Palmeira, Vasco Rocha ingressou na Escola Secundária João Gonçalves Zarco, em Matosinhos.
Matemática, Educação Física e Biologia são as suas disciplinas favoritas.
Actualmente frequenta o 11º ano, no projecto “Pós…Zarco”, que prepara o ingresso dos alunos em universidades espanholas.
É difícil conciliar as duas coisas? “É um bocadinho difícil, principalmente nas fases em que temos muitos trabalhos na escola. Normalmente, coincide sempre com as fases em que temos muitas audições para os concursos. É um bocado difícil conjugar as duas coisas. Pratico piano todos os dias. Levanto-me mais cedo para tocar antes de vir para a escola. Durante o dia não tenho muito tempo, porque tenho as aulas e os trabalhos de casa. Este ano, vou duas vezes por semana ao Conservatório. A carga horária e lectiva é a mesma do ano passado, só que consegui conjugar melhor as horas no mesmo dia. À quarta-feira tenho mais horas de aulas”, explica.
Os professores sabem que Vasco Rocha é um aluno especial. Como tal, são compreensivos no que se refere a testes e a trabalhos. Arminda Alves, vice-presidente do Conselho Executivo da escola, assegura que há um esforço de acompanhamento de alunos como o Vasco: “Já apanhamos o aluno a meio de uma formação, nomeadamente com a formação de base, musical. É uma preocupação prioritária e imediata quando uma situação, como a do Vasco, está sinalizada. Compatibilizamos totalmente a escola com a continuidade dessa formação, porque é uma formação privilegiadíssima na formação individual do aluno. Não tendo uma oferta ao nível da formação musical, pretendemos naturalmente que essa formação complementar seja a mais completa possível e que, de certo modo, a escola se articule totalmente com essa frequência no exterior.
Isto é muito semelhante ao atleta de alta competição. A formação, do ponto de vista académica, é essencial no crescimento, mas o jovem nunca pode descurar a outra formação. A gestão do tempo é uma competência a adquirir. Procuramos que o Vasco, como todos os outros colegas que têm uma formação complementar, possa ter tempo para tudo. O Vasco é um bom aluno. Não conhecemos o Vasco pela negativa. O Vasco pertence a um grupo de qualidade, de sucesso. Por isso, entendo que está no bom caminho”.

A família
Henrique e Maria Esperança são daqueles pais que nunca perdem os concursos e acompanham os filhos para todo o lado sempre que precisam.
“Sempre pensei que a música podia ser uma alternativa profissional, daí que os incentivei sempre bastante, mesmo em termos de investimento em instrumentos. Ele tem um piano de cauda. Comprei-lhes dois violinos. Tudo isso custa muito dinheiro. Em contrapartida, eu tenho um carro velho! É uma questão de educação”, sublinha Henrique Rocha.
Vasco sabe que, no estrangeiro, o mercado oferece mais saídas profissionais do que em Portugal, para quem estuda e pretende viver da música clássica.
Os pais têm, por isso, consciência de que, um dia, o futuro do filho mais velho poderá passar pelo estrangeiro. “Portugal é um país relativamente pequeno em termos de público. É capaz de não conseguir consumir toda a capacidade artística que nós podemos ter. Como não a consome, também não a incentiva, não a forma. Ir para o estrangeiro é uma hipótese que está sempre em aberto”, admite Henrique Rocha.

Um jovem normal
Para além da música clássica, Vasco Rocha ouve, no seu MP3, outros géneros como hip-hop e rock, à semelhança de qualquer jovem da sua idade.
O que pensam os teus colegas sobre essa tua faceta artística? “Acham piada. Ficam um pouco curiosos…como eu consigo conciliar tudo. Acham interessante”, diz.
“Sei que ele é referido como alguém especial. O Vasco é o destaque. Os colegas, de certo modo, revêem-se nesse destaque. Os nossos jovens gostam de ter a sua referência. Gostam de ter alguém que é diferente deles, mas pela positiva, de alguém que se demarca. É agradável saber que há alguém que pertence à turma do Vasco. Há uma proximidade positiva, sem qualquer elitismo, sem qualquer distanciamento”, adianta a professora Arminda Alves.

Concursos
Quando participa em concursos, Vasco Rocha tem a oportunidade de contactar com outros jovens talentos da sua idade. Como descreve essa experiencia? “É giro, principalmente quando são de outros sítios. Num concurso internacional que tive no Fundão, estava gente de outros países. É diferente ver tocar pessoas de outros países”, afirma.
Este ano, o Vasco arrecadou o 1º prémio de piano do concurso do Conservatório de Musica da Maia, o que lhe valeu a possibilidade de fazer um recital na Casa da Música do Porto, em Julho passado.
Enquanto violinista, toca regularmente na orquestra de música do CMP, na Orquestra de Jovens dos Conservatórios de música nacionais e ainda na orquestra residente da Casa da Música do Porto, “Momentum Perpectum”.
Recentemente, obteve o 2º prémio de Piano do XI Concurso de Piando RCN de Vigo. O concurso realizou-se no passado dia 30 de Novembro, envolvendo todos os pianistas da Península Ibérica.
Embora viva em Perafita, com os pais e a irmã, Vasco Rocha nunca tocou em Matosinhos: “Gostava de tocar aqui. É o meu concelho. Andei sempre nas escolas daqui, mas, por acaso, aqui nunca toquei”.

Palmarés:
Ano lectivo:
2000/01-Terceiro prémio no Concurso Interno de Piano do Conservatório de Música do Porto

2001/02-Terceiro prémio no Concurso de Piano Florinda Santos em S. João da Madeira

2002/03 - 1º Prémio no Concurso Interno de Piano do Conservatório de Música do Porto

2003/04 - 2º Prémio no Concurso Interno de Piano do Conservatório de Música do Porto; 1º Prémio no Concurso “Maestro Ivo Cruz” para música de câmara

2004/05 - 3º Prémio no Concurso de Piano do Alto Minho e Galiza em Vila Praia de Âncora; 2º Prémio no Concurso Marília Rocha de Vila do Conde.

2005/06 - 1º Prémio no Concurso Marília Rocha de Vila do Conde; 1º Prémio no Concurso do Real Clube Náutico de Vigo; 1º Prémio no Concurso Interno de Piano do Conservatório de Música do Porto; 2º Prémio no Concurso de Piano do Alto Minho e Galiza em Vila Praia de Âncora

2006/07 - 1º Prémio no concurso Internacional de piano da cidade do Fundão; 2º Prémio no Concurso de Piano Luso-espanhol da Academia de Música José Atalaya da cidade de Fafe; 1º Prémio no Concurso Marília Rocha de Vila do Conde; 1º Prémio no Concurso Interno de Piano do Conservatório de Música do Porto; 1º Prémio no Concurso de Piano de Paços de Brandão

2007/08 - 2º Prémio no concurso Interno de piano do Conservatório de Música do Porto; 1º Prémio no Concurso de Piano do Conservatório de Musica da Maia.

2008/09 - 2.º prémio RCN Vigo (30 Novembro)


Dulce Salvador in "Matosinhos Hoje"- 10/12/2008

Nenhum comentário: