terça-feira, 20 de janeiro de 2009

No sofá com a Mafalda



A “estrada” de Mafalda Veiga levou-a a uma paragem em Matosinhos, na passada sexta-feira, véspera do seu regresso ao Coliseu do Porto, para um concerto há muito esgotado.
O Fórum Fnac do Mar Shopping foi pequeno para os muitos fãs da compositora e intérprete, cujo último trabalho “Chão” atingiu o disco de ouro.
Sentada num sofá branco, ladeada por dois candeeiros prateados, Mafalda Veiga esteve à conversa com Artur Silva e Tito Couto. Se não fosse o cortinado de veludo vermelho com o nome “Fnac”, diríamos que estávamos em casa da Mafalda. A conversa, animada, foi interpelada por alguns dos maiores sucessos, tocados ao vivo por Mafalda Veiga na sua guitarra, como “Em toda a parte”: “Em qualquer lado/Onde quer que eu vá/Levo no corpo o desejo/De te abraçar/Em toda a parte/Onde quer que o sonho me leve/Hei-de lembra-me de ti”.
Figura aparentemente frágil, com um discurso simples, mas marcado por uma grande descontracção, Mafalda Veiga recordou um pouco dos seus quase 21 anos de carreira.
Falou da importância dos fãs, daqueles que percorrem o país de lés-a-lés e que não perdem um único concerto. Aliás, foi graças ao seu clube de fãs que nasceu o sítio oficial de Mafalda Veiga na Internet, onde, hoje em dia, se trocam comentários, contactos e se combinam jantares de convívio antes dos espectáculos.
Foi a pensar nos seus admiradores que Mafalda Veiga compôs o tema “Cúmplices”. Os primeiros acordes na guitarra levaram a um aplauso dos fãs presentes no Fórum quando soaram as primeiras palavras: “A noite vem às vezes tão perdida/E quase nada parece bater certo…”. O refrão foi acompanhado pelo “coro” da sala: “Se eu fosse a tua pele/ Se tu fosses o meu caminho/ Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho; Trocamos as palavras mais escondidas/E só a noite arranca sem doer/Seremos cúmplices o resto da vida/Ou talvez só até amanhecer”.
Mafalda Veiga confessou, no entanto, que não gosta de contar as histórias que estão por detrás das suas músicas: Aprecio muito mais a liberdade de cada um apoderar-se da música como se fosse sua, dando-lhe o seu próprio sentido, a sua própria história”.
O primeiro single do álbum “Chão”, intitulado “Estrada”, foi de imediato reconhecido: “Meu amor não quero mais palavras rasgadas/Nem o tempo cheio dos pedaços de nada/Não me dês sentidos para chegar ao fim/Meu amor...só quero ser feliz”.
Para criar este disco, Mafalda Veiga recorreu a novos instrumentos como o banjo e a trompa para criar novas sonoridades. Considerado por muitos críticos como o seu “álbum mais comercial”, “Chão” surge, porém, na linha acústica a que nos habituou Mafalda Veiga.
Apesar de estar sempre presente no panorama musical português, Mafalda Veiga já não lançava um disco de originais desde 2003. Pelo meio, lançou um disco ao vivo e uma parceria com João Pedro Pais. “Admito que sou um bocado preguiçosa, mas isso vai mudar a partir de agora! Vou inscrever-me num ginásio! Estou a ter aulas de piano, porque só sei compor músicas na guitarra”, revelou.
Sobre o seu regresso ao Coliseu do Porto, Mafalda Veiga reconheceu ser grande a expectativa de ver a reacção do público: “Gosto muito de estar em palco, de ver como as pessoas reagem. O Coliseu é um espaço único. É uma sala em concha. É acolhedor. É uma sala única. É muito especial”.
Como não poderia deixar de ser, Mafalda Veiga terminou a visita com a música que todos mais aguardavam: “Cada lugar teu”. “Esta música é a minha cara e a de toda gente”, adiantou. “Sei de cor cada lugar teu/ atado em mim, a cada lugar meu/ tento entender o rumo que a vida nos faz tomar/ tento esquecer a mágoa/ guardar só o que é bom de guardar”, prosseguiu o público.
No final da conversa, que durou cerca de 40 minutos, Mafalda Veiga dedicou um pouco mais do seu tempo aos fãs, tirando fotografias, autografando cd’s e blocos de notas.

by Dulce Salvador in "Matosinhos Hoje" (21-01-2009)

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