segunda-feira, 23 de junho de 2008

Como sofrer golos de olhos fechados


Descobri, FINALMENTE, no último Campeonato da Europa, porque razão Luiz Felipe Scolari escolheu Ricardo para a baliza da selecção nacional em 2004 em detrimento de Vítor Baía.
Pensava eu, ingenuamente, que a escollha devia-se a uma vingança pessoal pelo facto do então guarda-redes do FC Porto ter ido testemunhar contra a Federação Portuguesa de Futebol no caso do despedimento do seleccionador António Oliveira no final do Mundial de 2002.
Estava enganada. Eu sabia que Ricardo era o melhor guarda-redes da viela dele. O que eu desconhecia era que Ricardo conseguisse fazer aquilo que Vítor Baía nunca conseguiu fazer nem quando foi considerado o melhor guarda-redes da Europa pela UEFA precisamente em 2004.
O guarda-redes de Portugal é tão bom que nem precisa de abrir os olhos para defender a baliza. Os comentadores achavam que o problema estava nos cruzamentos. Mas não. O problema é que Ricardo tem uma visão que ultrapassa a própria barreira física. Sempre achei que só era possível na banda desenhada do Super-Homem, mas confesso que me enganei.
Ricardo é tudo o que um treinador pode desejar. Um guarda-redes que, até a dormir, sabe para onde a bola vai. Se calhar, o tempo de reacção não ajuda. Enquanto tira a ramela, lá vem Ballack. Caramba! Já ninguém tem respeito por quem precisa de mais algum tempo para tomar a decisão de ir atrás da bola?
Sou da opinião que o futuro de Ricardo passará pela escrita. Não me interessa saber o que ele diz ou faz nos jogos, mas acho que a sua experiência pessoal seria enriquecedora para os cegos que têm o sonho de, um dia, conduzir um carro.
Lamento que Vítor Baía nunca tenha batido uma soneca nas competições europeias. Finalmente, percebo Scolari. É que nem o Pelé marcava golos de olhos fechados. E esse feito histórico já não se pode tirar ao Ricardo. O que a direcção do Bétis não sabe é que os 46 golos sofridos pelo Ricardo em 24 jogos ficam para o livro de recordes do Guiness...
O Ricardo, mesmo frangueiro, não deixa de ser único...

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